Rota dos dinossauros e diamantes
Esta rota integra os geossítios que estão nas estradas que seguem rumo às áreas mais ao norte do município. O circuito geladeira está situado próximo à estrada do garimpo, que dá acesso ao Garimpo da Escrava, local onde existe a comunidade Cachoeira Rica. Já os Geossítios Cachoeira do Pingador, Vulcanismo da Passagem do Mamão e Garimpo do Salvador estão situados próximos à MT-020.
Veja a localização dos geossítios no tour virtual.
Garimpo da Escrava - Cachoeira Rica
O geossítio está situado na comunidade de Cachoeira Rica, que fica localizada a 31 km de distância da sede do município. O acesso é feito por uma estrada não pavimentada e durante o trajeto o visitante pode observar o Fecho do Morro e feições ruiformes da Formação Botucatu. Na comunidade existe restaurante, lanchonete e estacionamento. O geossítio Garimpo da Escreva está ligado a história da descoberta e extração do diamante em Mato Grosso, sendo um dos primeiros locais em que se desenvolveu atividade mineral nos anos de 1820. O geossítio também é sede de uma pequena central hidroelétrica cujas ruínas narram o advento da produção de energia elétrica no estado de Mato Grosso.
A área está inserida no Distrito Diamantífero de Chapada dos Guimarães, abrange os municípios de Chapada dos Guimarães, Nova Brasilândia e Planalto da Serra, na porção centro-sudeste do estado de Mato Grosso. Seus principais depósitos diamantíferos estão relacionados aos aluviões dos rios Quilombo, Manso, Jangada e Casca.
As rochas aflorantes na base são compostas pelo topo da Formação Botucatu, composta por um nível de arenito silicificado, que pode ser observado no leito do Rio Cachoeirinha. Em alguns locais na área afloram conglomerados polimíticos, de matriz arenosa, com clastos de rochas vulcânicas predominando e, secundariamente, arenitos, quartzitos e quartzo, essas rochas pertencendo à Formação Quilombinho. A Formação Cachoeirinha, unidade na qual são encontrados os diamantes, é composta por conglomerados oligomíticos com composição quartzosa predominante, intercalados a arenitos friáveis com laminação incipiente.
O local foi descrito pelo naturalista Hércules Florence, que relatou a descoberta do diamante por uma escrava (1819) às margens do Rio Quilombo, o percurso até o local e a forma como ocorria a atividade garimpeira no século XIX (1827). O geossítio Garimpo da Escrava está ligado à história da descoberta e extração do diamante em Mato Grosso, sendo um dos primeiros locais em que se desenvolveu atividade mineral desde 1800, na então província de Mato Grosso, ainda ligada ao império português.
A região está em processo de reconhecimento como quilombo, e parte da população que lá reside são remanescentes dos vários ciclos de mineração que ocorreram na localidade. O geossítio também é sede de uma pequena central hidrelétrica, cujas ruínas narram o advento da produção de energia elétrica no estado de Mato Grosso.
Garimpo do Salvador
O acesso a este geossítio é pela MT-020 sentido Distrito da Água Fria, e distante 33 km da sede municipal. Na localidade existe um restaurante, lanchonete, supermercado e posto de combustível. O garimpo do Salvador está localizado no perímetro urbano, conta com estacionamento e possui trilhas leves e curtas. O senhor Salvador, dono da propriedade, apresenta informações sobre o garimpo, além de demonstrar como é feito o processo para encontrar os diamantes. O garimpo está integrado com elementos históricos, como as antigas rotas que ligavam as sesmarias à Vila de Cuiabá, a marcha da Coluna Prestes.
No local aflora a Formação Cachoeirinha, composta por conglomerados com seixos de rochas sedimentares e metamórficas em matriz areno-conglomerática, intercalado com arenitos alaranjados friáveis com lamina- ção. O senhor Salvador, dono da propriedade, apresenta informações sobre o garimpo, além de demonstrar como é feito o processo de garimpagem dos diamantes.
A integração entre a geodiversidade local e o contexto histórico é o principal elemento deste geossítio. No aspecto paleontológico, as histórias sobre a extração de fósseis de dinossauros no Morro do Cambambe, que fica próximo à comunidade, compõem o repertório e fazem parte da cultura local. O dinossauro é símbolo do Grupo de Siriri Flor do Cambambe, grupo que realiza apresentações de dança deste ritmo tradicional da cultura matogrossense. https://www.instagram.com/siririflordocambambi/
Vulcanismo da Passagem do Mamão
O geossítio está situado à margem da MT-020, a aproximadamente 50 km da sede do município. A localização de fácil acesso possui espaço para estacionar, algumas mercearias e lanchonete. No distrito da Água Fria pode-se encontrar posto de combustível e restaurante. No local não existe uma política de visitação estabelecida. A integração entre diversos tipos de elementos, e entre os diferentes tipos de rochas, tornam este geossítio excelente localidade para aulas de campo, destacando-se os contatos entre as formações e o registro do magmatismo. A biodiversidade local é razoavelmente preservada com fauna e flora abundante típicas de áreas de cerradão e de matas de galerias.
Nos afloramentos, as rochas da Formação Botucatu estão silicificadas, cortadas por diques e recobertas por derrames basálticos da Formação Paredão Grande, composta por basalto intemperizado, com esfoliação esferoidal, níveis vesiculados. Podendo apresentar fraturas, disjunções colunares e horizontais intercaladas com níveis que preservaram estrutura de fluxo. Sobre estas rochas está a Formação Quilombinho do Grupo Ribeirão Boiadeiro, que é constituída por camadas de conglomerados com clastos de basaltos e rochas sedimentares, de cimentação carbonática e arenitos maci- ços com cimentação carbonática eventual. São observados níveis com presença de icnofósseis, laminação incipiente, geometria tabular e níveis com grânulos esporádicos.
A geomorfologia da área é composta por colinas, morrotes e vales, estando estes últimos preenchidos pelo Lago do Manso. No horizonte é possível observar morros testemunhos em forma de tabuleiros. Quanto às características pedológicas, predominam no geossítio solos rasos com horizonte A incipiente e Latossolos com horizonte B com espessura média de aproximadamente 10 a 15 cm. A variação dos processos pedológicos observadas no local é devida à variação litológica da área. A integração entre os elementos geológicos e tipos de rochas tornam este geossítio excelente localidade para aulas de campo, destacando-se os contatos entre as formações, o registro do magmatismo e processos petrologia.
Cachoeira Pingador
O acesso ao geossítio Cachoeira Pingador está localizado 3 km após o distrito da Água Fria, onde segue-se por uma estrada não pavimentada por 13 km, até a recepção do atrativo localizada na sede da fazenda proprietária. A pequena trilha para a cachoeira é fácil acesso e sombreada. No local existe um sítio arqueológico, com inscrições rupestres pouco preservadas e um abrigo escavado durante o salvamento arqueológico realizado durante a construção da Usina do Manso.
No local, aflora a Formação Botucatu, composta por arenito médio a fino, com laminações bimodais, grãos bem selecionados, estratificação cruzada planar de médio porte, níveis de arenito silicificado e um nível de silexito, no topo com conglomerados com seixos angulosos de silexitos cimentados por sílica e ferro de laterização. A silicificação é o principal elemento no local, pois representa a superfície exposta durante o cretáceo inferior.
No local existe um sítio arqueológico, com inscrições rupestres e um abrigo onde foram realizadas escavações durante o salvamento arqueológico realizado na região ao longo dos estudos relacionados à construção da Usina do Manso. Quanto aos valores associados, na região também existiu uma sesmaria, e por ali passavam antigas estradas do período colonial. A biodiversidade conservada apresenta potencial para se integrar aos outros elementos descritos.
Circuito Geladeira
Pela Estrada do Garimpo, que liga o município de Chapada do Guimarães à comunidade da Cachoeira Rica, convergindo à direita em estrada vicinal encontra-se a recepção e o estacionamento do geossítio. No local existem duas cachoeiras cujo acesso é facilitado por uma trilha curta e declivosa. O local funciona o ano todo, das 9 às 17h. O serviço de lanchonete mais próximo é a recepção da cachoeira do Marimbondo, localizada 1 km antes na mesma estrada.
Neste geossítio, aflora a Formação Ponta Grossa, constituída de folhelhos cinza, intercalados com lentes de arenito fino com laminação cruzada. Nesta unidade é descrita a presença de rastros de trilobitas, braqui- ópodes e outros invertebrados marinhos. O contato superior é discordante com a Formação Botucatu, constituída por um conglomerado que possui cerca de 30 a 40cm de espessura, seguido por arenitos médios, bimodais, com estratificação cruzada de grande porte, típicos desta Formação. As rochas nos afloramentos estão muito alteradas devido aos processos pedogenéticos.
No local, aflora o melhor registro da Formação de couraça ferruginosa da Formação Botucatu, onde é possível observar camadas espessas desta rocha, popularmente conhecida como pedra canga.
Os elementos estratigráficos, paleontológicos, sedimentares, geomorfológicos e pedogenéticos são os principais elementos geológicos observados no local, com destaque especial à Trilha de Trilobita, preservada pelos processos de laterização. O contato entre as formações e a representativa couraça ferruginosa são outros elementos importantes de fácil observação neste geossítio.