Parque Nacional Chapada dos Guimarães
Conheça aqui os geossítios que estão dentro do Parque Nacional Chapada dos Guimarães.
Veja a localização dos geossítios no tour virtual.
Geossítio Cachoeira Véu de Noiva
Localizado próximo à sede do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, o geossítio Cachoeira Véu de Noiva é um dos cartões postais da região.
O atrativo é auto guiado, aberto diariamente, com acesso das 09h00 às 16h00.
Uma trilha com declives e ensolarada de 650 metros leva ao mirante de contemplação da cachoeira e do vale do córrego Coxipózinho.
Na trilha de acesso, o visitante pode observar moldes e contra moldes de braquiópodes, tentaculites e outros animais marinhos que habitaram na região durante o Devoniano.
O local conta com estacionamento e guarita de controle, orientação aos visitantes, sanitários, bebedouros, loja de souveniers e restaurante.
Dificuldade da Trilha: Leve.
No percurso entre a entrada do parque nacional e as cachoeiras, o visitante atento pode avistar nas trilhas fósseis de invertebrados marinhos, diferentes tipos de rochas sedimentares e metamórficas, estruturas geológicas como a discordância, que é linha que marca o contrato entre as rochas do grupo Cuiabá e da Formação Furnas. Neste trajeto, a paisagem é composta por cânions como o Rio Coxipozinho, belas paisagens e diversas cachoeiras. A geologia local pode ser observada nas camadas de rochas cujo topo sustentam a queda d’água. Na base da cachoeira ocorre o Grupo Cuiabá na forma de morrotes arredondados. Sobreposto ao Grupo Cuiabá ocorrem pacotes de arenitos da Formação Furnas e pacotes de folhelhos siltitos e argilitos da Formação Ponta Grossa no topo.
Rota das Cachoeiras e Trilha dos Fósseis
O Circuito das Cachoeiras do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães consiste em uma trilha total de 8 km, com subidas e descidas, passando por áreas de transição entre cerrado e mata de galeria, acompanhando o córrego Independência e refresco nas 5 cachoeiras: das Andorinhas, da Prainha, do Degrau, do Pulo e Sete de Setembro, além de visitar a Casa de Pedra, grande passagem na rocha formada pela água criando salões naturais. Para visitação é necessário o acompanhamento de guia ou condutor autorizado pelo parque nacional.
A rota das cachoeiras e a trilha dos fósseis é um ótimo local para integrar turismo, ciência e educação, uma vez que os afloramentos existentes permitem que sejam abordadas temáticas como paleogeografia, processos sedimentares e metamórficos, processos de fossilização, modelamento de relevo, formação do solo sobre o paleoambientes registrados nas rochas, além de contatos e discordâncias de significado regional e de importância no contexto evolutivo e histórico da região. Além disso, a integração entre geodiversidade e biodiversidade é visível em todo o percurso.
Na Cachoeira das Andorinhas afloram as rochas do Grupo Cuiabá, onde é possível observar a foliação metamórfica, falhas e fraturas. na Cachoeira do Degrau, onde a variação entre o filito e o diamictito proporciona uma ondulação no relevo. No topo desta mesma cachoeira ocorre o contato entre o Grupo Cuiabá e a base da Formação Furnas, marcada pela presença de conglomerado com clastos angulosos.
Esta discordância também pode ser observada na Cachoeira do Pulo, onde há um afloramento da Formação Furnas, composto por arenitos grossos com estratificações cruzadas, intercalados com níveis de conglomerados em forma de lentes.
No caminho entre a Cachoeira do Pulo e a Trilha dos Fósseis é possível observar a transição entre a Formação Furnas e a Formação Ponta Grossa. A Trilha dos Fósseis compreende parte da trilha de acesso às cachoeiras, onde são encontrados moldes e contramoldes de animais marinhos, entre eles braquiópodes, tentaculites e trilobitas. A fossilização está relacionada à Formação Ponta Grossa, mas ficou preservada devido aos processos pedogenéticos que laterizaram a camada durante a formação da couraça ferruginosa no Quaternário.
Feições Ruiniformes – Hércules Florence
O geossítio está situado na trilha entre a Casa de Pedra e o Morro São Jerônimo, em percurso de longa caminhada com pouca sombra. A integração entre história e geodiversidade é o principal ponto deste geossítio, onde se pode abordar desde os primeiros caminhos feitos pelos bandeirantes, e mais tarde descritos por exploradores como Hércules Florence, um dos grandes inventores da fotografia. A biodiversidade é abundante no local e ao longo da trilha de acesso. É obrigatório o acompanhamento por guias de turismo ou condutores credenciados junto ao Parque Nacional de Chapada dos Guimarães.
A geologia local é composta pela Formação Furnas, com intercalações de arenitos conglomeráticos, arenitos e conglomerados com estratificação cruzada planar, ciclos de gradação normal com conglomerados de composição quartzosa predominando. A geomorfologia é o principal elemento para ser observado nas inúmeras feições ruiniformes de formatos diversos, entre eles o Totem de Pedra e outras descritas por Hércules Florence no início do Século XIX, segundo desenhista da comissão científica da Expedição Langsdorff.
Casa de Pedra
O acesso até o geossítio é realizado por trilhas, via Circuito das Cachoeiras ou Morro São Jerônimo. A caverna Casa de Pedra é resultado da evolução geomorfológica local, onde devido a diferenças nas características de algumas camadas de rochas, foi desenvolvido um sistema com erosão diferenciada. Este geossítio está cadastrado como um sítio arqueológico no Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), sendo descrito como localidade com inscrições rupestres. O local funciona o ano todo, porém o agendamento deve ser feito por guia de turismo ou condutor autorizado até 11h30 do dia do passeio, sendo a entrada permitida entre 8h30 e 12h00 e a saída até 17h00.
No local, afloram rochas da transição entre as Formações Furnas e Ponta Grossa, caracterizadas como quartzo-arenitos finos a médio, com camadas de geometria ondulada a sigmoidal, com estratificações cruzadas hummocky/swalley, laminações onduladas e pequenas lentes descontínuas de arenito muito fino a siltito.
O local está integrado com a biodiversidade do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, sendo habitada por morcegos e servindo de abrigo para pequenos animais. Este geossítio está cadastrado como um sítio arqueológico no Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), sendo descrito como localidade com inscrições rupestres.
No contexto histórico, a área está ligada às primeiras ocupações da região realizadas no século XVIII e às antigas vias de acesso entre Chapada dos Guimarães e Cuiabá. No século XVIII e XIX, o local foi refúgio de escravos fugitivos. Segundo relatos, a caverna também serviu de abrigo aos membros da Coluna Prestes durante sua marcha pelo país entre 1925 e 1927. O atrativo também já foi cenário de diversas gravações para televisão, como a abertura da novela Fera Ferida, de 1993 (ICMBIO, 2020).
Cachoeiras dos Namorados e Cachoeirinha
Este geossítio é composto por dois atrativos autoguiados do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, cuja visitação é controlada pela guarita de visitantes, diariamente das 09h00 às 12h00, com saída às 16h00. Uma trilha parcialmente ensolarada de 1100 metros leva à Cachoeira dos Namorados, formada pelo córrego Piedade, e 200m depois localiza-se a Cachoeirinha formada pelo córrego Coxipózinho. Na localidade não existe estrutura turística, nem mesmo sanitários e bebedouros. A estrutura de apoio mais próxima fica situada na Sede do Parque Nacional. Devido ao fácil acesso, a excelentes condições de observações e capacidade carga, o local é apropriado para atividades pedagógicas, mas também é um atrativo turístico consolidado, onde se desenvolve atividades de balneário e contemplação.
A geologia local pode ser observada nas camadas de rochas que compõem as vertentes das quedas d’água, sendo as rochas da base a camada fossilífera da Formação Ponta Grossa, e as camadas sotopostas pertencentes às zonas mais basais do que foi o antigo Deserto Botucatu. A discordância entre a Formação Ponta Grossa e a Formação Botucatu podem ser observadas em ambas as cachoeiras. Os vestígios do que foi o maior deserto da América do Sul podem ser observados, especialmente na Cachoeirinha, onde as estratificações de grande porte das antigas dunas são facilmente distinguíveis.
Cidade de Pedra
O acesso ao geossítio da Cidade de Pedra é realizado através das rodovias MT-251 e MT-020, em direção ao distrito de Água Fria. A integração entre geodiversidade e biodiversidade é visível ao longo de todo o trajeto. É comum avistar bandos de araras vermelhas sobrevoando os paredões, e pegadas de anta e onça pelo caminho. Corujas buraqueiras, seriemas e emas frequentam o cerrado do planalto. Para visitar a Cidade de Pedra é necessário veículo 4X4 e acompanhamento de guia ou condutor credenciado. Não existe estrutura de apoio no local, tais como, sanitários e bebedouros. Assim como os outros atrativos situados no Parque Nacional, a Cidade de Pedra funciona durante todo o ano.
A unidade geológica mais antiga é o Grupo Cuiabá, que teve a deposição das rochas em um ambiente marinho, em uma época em que o território que hoje é a América do Sul, era fragmentado em vários continentes menores. Após um longo período de deposição de sedimentos no fundo deste oceano, devido aos movimentos convergentes das placas tectônicas, dois continentes se colidiram formando uma grande cordilheira parecida com a que hoje é o Himalaia. Todo esse processo ocorreu entre cerca de 1 bilhão de anos e 500 milhões de anos atrás.
As morrarias do grupo Cuiabá, que são avistadas desde o mirante, são compostas por rochas metamórficas que compunham essa antiga cadeia de montanhas. Sobrepostas a estas rochas estão as formações Furnas e Ponta Grossa, que são encontradas em locais como Morro do São Jerônimo, feição que também compõe o campo de visão do mirante. As rochas destas duas unidades foram formadas em um fundo de mar que recobriu a região durante o período devoniano (entre 416 e 359 milhões). Nestas rochas são encontrados fósseis de invertebrados marinhos.
A última unidade geológica que compõe a paisagem é a Formação Botucatu, que é a rocha que está aos pés do observador e que compõe os paredões do mirante. Esta unidade geológica foi depositada em um ambiente desértico. As rochas existentes no local representam um vasto campo de dunas sobrepostas, que hoje possuem cerca de 350 metros de registro preservado. Esta unidade se formou durante o final do período jurássico e o início do período cretáceo, algo em torno de 150 a 140 milhões de anos.
Morro São Jerônimo
O geossítio do Morro São Jerônimo é um atrativo guiado do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães. O percurso de longa caminhada é realizado em uma trilha de cerca de 8 km (16 km ida e volta) contando com aclives, declives e uma pequena escalada e é obrigatório o acompanhamento de guias de turismo ou condutores credenciados. O limite de visitantes no Morro de São Jerônimo é de 36 por dia, sendo até seis visitantes por guia.
Uma forma alternativa de visitação a este geossítio é a Travessia, atrativo turístico de aproximadamente 23 km de extensão divididos em dois dias de caminhada e um pernoite em uma localidade denominada Casa do Morro. A travessia conecta alguns dos mais importantes e populares atrativos turísticos e trilhas do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães como: a Trilha da Cachoeira Véu-de-Noiva, o Circuito das Cachoeiras, as Cachoeiras de Época (temporárias), o Morro São Jerônimo e a Trilha Histórica do Carretão.
O morro é um local privilegiado para observação de feições geomorfológicas, sendo ele próprio um morro testemunho das formações Furnas e Ponta Grossa. De seu topo é possível observar as feições da Chapada dos Guimarães, os morros e morrotes do Grupo Cuiabá, até o relevo aplainado, situado um pouco mais distante da escarpa e morros testemunhos, como o Morro de Santo Antônio. Além da beleza cênica e a integração com a biodiversidade, no local existem registros de sítios arqueológicos com inscrições rupestres, e a área está ligada às primeiras ocupações da região realizadas no século XVIII e às antigas vias de acesso entre Chapada dos Guimarães e Cuiabá.
Crista do Galo
A Crista do Galo é um atrativo guiado do parque Nacional de Chapada dos Guimarães, com acesso via MT-251, seguido por estradas vicinais e um trilha curta, porém íngreme, que permite o acesso até o topo do atrativo. O local funciona todos os dias do ano, requer agendamento prévio com guia de turismo ou conduto credenciado, com entrada permitida das 8h30 às 12h00 e saída até às 17h00. As estruturas turísticas mais próximas estão localizadas na sede do parque nacional. Este atrativo é reconhecido por permitir ao visitante uma visão em 360º da paisagem. Além da rica biodiversidade, o local também fica próximo ao Rio Claro, outro atrativo do parque onde o visitante pode realizar mergulhos e outras atividades.
A Crista do Galo é um morro testemunho da Formação Botucatu, que se desenvolveu devido à cimentação diferenciada que ocorreu próximo a um plano da falha, estrutura geológica que permitiu gerar esta feição em semelhante a uma crista de galo. A cimentação diferenciada tornou a rocha mais resistente, dificultado a atuação de processos intempéricos, ocasionando uma erosão diferenciada no entorno da feição e desenvolvendo o morro testemunho. Podem ser observados deste geossítio a Baixada Cuiabana, os morrotes do Grupo Cuiabá, a escarpa festonada do Planalto dos Guimarães e as áreas de veredas localizadas nas bases destes festonamentos.